Evangelho copta de 1.500 anos é encontrado e decifrado por pesquisadora; Conteúdo é controverso
A professora de religião Anne Marie Luijendijk, responsável pelo estudo do evangelho, afirmou que o antigo manuscrito pode ter sido usado como guia de orientação ou incentivo para pessoas procurando ajuda para seus problemas cotidianos.
O curioso – e controverso – conteúdo do evangelho encontrado está escrito na língua copta, um antigo idioma egípcio, e difere amplamente do que se conhece e é reconhecido na tradição cristã.
“Quando comecei a decifrar o manuscrito e encontrei a palavra ‘evangelho’ na linha de abertura, eu esperava ler uma narrativa sobre a vida e morte de Jesus como os evangelhos canônicos, ou uma coleção de ditos semelhante ao Evangelho de Tomé (um texto não canônico)”, disse Anne Marie, de acordo com informações do LiveScience.
No entanto, o que se descobriu é que o tal evangelho na verdade trazia uma lista de 37 oráculos, com mensagens de positivismo e sugerindo muitas coisas que se assemelham em muito a práticas contemporâneas de muitas denominações neopentecostais, como a confissão positiva e a teologia da prosperidade.
A abertura do texto diz que aquele livro é “o Evangelho da Sorte de Maria, a mãe do Senhor Jesus Cristo, a quem Gabriel Arcanjo trouxe a boa notícia. O que avançar com todo o seu coração vai obter o que procura. Só não seja de duas mentes”.
Essa introdução resume o conteúdo do livro e foi o que permitiu a comparação com horóscopo, feita por muitos portais cristãos de notícia ao redor do mundo.
De acordo com Anne Marie, no mundo antigo, um tipo especial de literatura, às vezes chamado de “lot book” (que pode ser traduzido como “livro da sorte”) era usado para tentar prever o futuro, e os dados levantados até aqui sugere que esse livro se encaixe nessa categoria, apesar da auto definição como “evangelho”.
“O fato de que este livro tenha sido chamado dessa forma é muito significativo. Para mim, indica que tinha algo a ver com a maneira com que as pessoas o consultavam, e também com ser visto como uma boa notícia [evangelho significa literalmente boa notícia]”, explica, acrescentando que o conteúdo talvez fosse propositadamente positivo: “Ninguém que quer saber o futuro quer ouvir más notícias”.
O livro pertence ao Museu Sackler da Universidade de Harvard desde 1984, quando foi doado por Beatrice Kelekian, que entregou o material em memória de seu marido, Charles Dikran Kelekian, filho de Dikran Kelekian (1868-1951), um comerciante influente de antiguidades coptas. A posse do livro no período anterior a estas duas pessoas é desconhecida.
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