“Vou deixar com a justiça divina”, diz viúvo de idosa baleada no Alemão

A mulher de 72 anos saiu de casa para deixar seu sobrinho-neto na casa da irmã quando foi alvejada por dois tiros

Vou deixar com a justiça divina, diz viúvo de idosa baleada no Alemão

A violência no Rio de Janeiro segue vitimando inocentes. No domingo (27) uma senhora de 72 anos foi morta depois de ser atingida por dois tiros nos Complexo do Alemão.
A aposentada Arlinda Bezerra das Chagas e seu esposo, Francisco Faustino das Chagas, saíram do Rio Grande do Norte há 52 anos para tentar uma vida melhor no Rio. Ali no Alemão eles construíram uma família hoje formada por um filho e duas netas.
A morte aconteceu durante uma festa em comemoração aos 72 anos completados na quarta-feira (23). Arlinda teria saído de sua residência para deixar o sobrinho-neto na casa de sua irmã quando foi atingida pelos tiros.
“Ela só teve tempo de gritar para o menino correr de volta para casa”, conta o viúvo de 86 anos. “Agora estou sem rumo. Se fosse tomar alguma providência, viraria bandido. Vou deixar com a justiça divina.”
Dona Arlinda era chamada de Dona Dalva, uma senhora que tinha muitos amigos no Alemão. Maria Francisca de Assis, 44 anos, era uma dessas amigas e foi a primeira a encontrá-la baleada.
“Ouvi os gritos me chamando. Quando cheguei ela me disse: ‘Não me deixe morrer, por favor’. Ela estava perdendo muito sangue. Depois se esticou toda no chão. Acho que morreu ali mesmo. É muito triste alguém perder a vida desse jeito. Ela era uma pessoa maravilhosa”, contou.
Os disparos vieram de um suposto confronto entre traficantes e policiais militares da Unidade de Polícia Pacificado (UPP) da Favela Nova Brasília que aconteceram no Beco Vila Vítor, na parte alta da comunidade.
Moradores do local afirmam que os disparos que atingiram a idosa partiram dos policiais, mas a Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP) informou que policiais realizavam patrulhamento no beco quando foram atacados por traficantes armados.
No meio do confronto quem acabou sendo atingida foi a aposentada que precisou ser socorrida pelo motorista de uma Kombi. Ao chegar na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da região dona Dalva já estava sem vida. O caso será investigado pela Divisão de Homicídios. 

 Com informações Estadão.