Oficializar maconha é abrir fábrica de esquizofrênicos, diz psiquiatra
Valentim Gentil Filho foi entrevistado no programa Roda Viva, na TV Brasil
Se o Brasil seguir a tendência de outros
países e oficializar a indústria da maconha, nós teremos “uma fábrica
de esquizofrênicos”. A opinião é do psiquiatra Valentim Gentil Filho,
professor titular da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
(USP).
Para o psiquiatra, considerado um dos
mais influentes do país, a sociedade tem sido conivente e omissa em
relação à droga, e os riscos provocados por ela não têm sido bem
divulgados. Gentil Filho contou no programa que, segundo estudos bem
fundamentados, a maconha aumenta em 310% o risco de esquizofrenia quando
consumida uma vez por semana na adolescência. E trata-se de uma doença
incurável: “O esquizofrênico pode ter uma vida praticamente normal, mas
sempre há uma sequela”.
O psiquiatra sugeriu que, assim como
pais permitem que seus filhos consumam álcool em festas, a informação
distorcida de que maconha não faz mal fará com que eles deixem os jovens
fumarem em casa. E o problema é que, nos adolescentes, que estão em uma
fase de “poda” natural do cérebro para a entrada na idade adulta, a
droga é especialmente prejudicial.
O professor também fez críticas à
chamada luta antimanicomial, que fez o Brasil fechar milhares de leitos
psiquiátricos sem proporcionar alternativas. Ele ressaltou que o atual
modelo dos Caps (Centros de Atenção Psicossocial) não tem como
substituir o atendimento ambulatorial e as internações psiquiátricas.
Para Gentil Filho, não se trata de abandonar os pacientes em manicômios,
mas garantir o tratamento em fase aguda. Ele reforçou que, atualmente,
só um terço dos pacientes psiquiátricos diagnosticados recebe
tratamento.
Ainda em entrevista ao programa Roda
Viva, da TV Brasil, ele também falou sobre o aumento no diagnóstico de
depressão, que para ele é fruto de diversos fatores, como a ampliação
dos conceitos sobre a doença e a descoberta de novas moléculas que se
mostram mais eficazes que o placebo. Ao falar de outros transtornos que
têm sido mais frequentes, ele também mencionou a síndrome do pânico.
Entre as possíveis causas desse aumento, de acordo com o especialista,
estão o maior consumo de estimulantes, cafeína e medicamentos com ação
no sistema nervoso e atitudes como a privação de sono, capazes de
deflagrar crises. Mas ele pondera que o estresse não é algo novo na
humanidade, assim como os transtornos mentais. “Eu prefiro viver hoje do
que nos tempos bíblicos”, ironizou.
Fonte: UOL
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